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António Cândido Ribeiro da Costa

O Centro de Estudos Amarantinos, liderado pelo Dr. Pedro Barros, acompanhado do Orador, Professor Doutor Luís Ramos, estiveram recentemente na Escola Secundária de Amarante para palestrar sobre o ilustre Conselheiro – António Cândido Ribeiro da Costa – ou, simplesmente, António Cândido. No seu tempo conhecido por “A Águia do Marão”, foi Professor e Político português e ganhou fama de extraordinário Orador Parlamentar. Esteve fortemente ligado a grupos informais constituídos por personalidades intelectuais de grande relevo da vida cultural portuguesa das últimas três décadas do século XIX (grupo dos Vencidos da Vida e Geração de Coimbra), os quais revolucionaram várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura. Licenciado em Direito e Teologia pela Universidade de Coimbra, doutorou-se em Direito (1878) e foi nomeado Professor Catedrático (1881). Após a prolífica vida académica exerceu diversas funções na vida pública e política portuguesa, designadamente Deputado no Partido Progressista, Procurador Régio, Ministro do Reino, Par do Reino, Procurador-Geral da Coroa e Fazenda, Ministro de Estado Honorário, Conselheiro de Estado e Presidente da Academia Real das Ciências. Colaborou com a revista – A Leitura –, com o semanário – O Thalassa –, e com o periódico – O Azeitonense. As suas obras de relevo são: Principios e questões de philosophia politica (Vol. I); Principios e questões de philosophia politica (Vol. II). Na segunda obra, aborda a compreensão do sufrágio político e discorre sobre se a votação deve ser uninominal ou de lista múltipla. Vejamos o descomunal espírito do seu autor e a admirável atualidade do tema quando refere: “O suffragio politico, que é, desde muito, um facto consummado na vida dos povos mais cultos, está ainda longe de ser um raciocinio triumphante uma verdade positivamente liquidada nas especulações da sciencia.”

À cadência do magnetismo veiculado pela erudição do Orador, o auditório ia ficando sucessivamente mais enlevado e deleitado pela magnífica e multifacetada personalidade de António Cândido. Incompreendido por alguns, amado e admirado por muitos, através de uma linguagem erudita e esteticamente atrativa, teve a coragem de enfrentar e a ousadia de trazer à discussão muitos dos temas e problemas do seu tempo, ao mesmo tempo, que revelou uma consciência crítica ímpar, um inconformismo inabalável, exerceu com honra e decoro as mais altas magistraturas da nação, prospetivou muito para além da sua época e afirmou-se indiscutivelmente entre os mais notáveis e insignes da sua geração. Amarantino de gema, António Cândido, é seguramente uma figura à altura dos mais notáveis e conhecidos amarantinos e portugueses, de todos os tempos e eras.

A Doutora Ana Cristina Ribeiros dos Santos, na qualidade de Diretora da Escola Secundária de Amarante, admiradora confessa e leitora dedicada de tão eminente personalidade, anunciou aos pares presentes no auditório que irá propor a aprovação o nome de António Cândido para patrono do estabelecimento de ensino público, nos órgãos de direção, administração e gestão da Escola Secundária de Amarante, bem como junto da administração educativa e Câmara Municipal de Amarante.

Por definição, patrono1 é a pessoa que defende uma causa ou ideia, um defensor, um protetor. Pode também ser uma personalidade ilustre que apadrinha e patrocina uma pessoa, entidade, classe de profissionais, etc. Portanto, pode perfeitamente compreender um arqueólogo, um artista, um arquiteto e engenheiro, um bispo, um cientista, um desportista, um escritor, um historiador, um pintor, um poeta, um político, ou seja quem for, desde que se afigure com reconhecido mérito, integridade pessoal, dimensão humanista, prestígio académico, valor cívico, e estatura moral e ética, entre outros veneráveis predicados e qualidades. Inequivocamente, tudo isso se encontra em António Cândido.

Segundo Heródoto2 importa “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”, ou seja, preservar a história e homenagear personalidades que contribuíram de forma positiva para a Educação e Cidadania ou como exemplos grandiosos para a região, para o país e para o mundo, decisivamente, é missão e desígnio de todos aqueles que lideram instituições, de forma a fortalecer a identidade e a notoriedade das mesmas. Além disso, um patrono é uma inspiração para toda a comunidade educativa, e definitivamente um farol, uma luz, para lembrar aos estudantes que se deve aproveitar a oportunidade de poder estudar, de poder crescer, que se deve evoluir, aprender o que lhes ensinam e ir sempre mais além; que se pode e deve utilizar a inteligência e as emoções para as causas positivas e para a mudança social e, assim, contribuir para um mundo melhor.

(Texto do Professor Vítor M Santos)

1 Porto Editora – patrono no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-04-07 23:00:55]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/patrono.
2 Heródoto (484 a.C. - 425 a.C.) foi um historiador grego.

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